Como encontrar um bom professor de artes marciais

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Eu tive muitos professores de artes marciais nesses anos como praticante. Na juventude, meu critério era tão simples quanto perguntar se meus amigos conheciam alguém bom. Recebendo alguma confirmação, saia em busca das indicações, treinava bastante por um tempo e questionava técnicas e comportamentos. Eventualmente, percebia alguma falta de coerência e saia em busca de outro. Em 2001, eu desisti das artes marciais, achando que era um caminho ruim, pois o final dos praticantes de referência com quem tive contato não era muito feliz. Recebi notícias de mortes por tiro ou facadas em brigas, excessos com drogas e até um campeão que tornou-se alcoólatra. Alguns, com um pouco mais de sorte, não tiveram um destino tão trágico, mas eram falastrões, aumentavam suas histórias, viviam criticando negativamente os outros etc. Minha principal dificuldade era não encontrar uma coerência, um equilíbrio, entre habilidade, técnica e comportamento. Mas tentei novamente (pela última vez, eu me dizia). Um primo me ajudou a pesquisar na internet e me esforcei para ser um pouco mais criterioso dessa vez. Compartilho aqui alguns desses critérios que acabei adotando.

1. Acompanhar atentamente e com calma

Yoshi Oida
“No Japão há um ditado que diz que é melhor gastar três anos procurando por um bom professor do que ocupar o mesmo período de tempo fazendo exercícios com alguém inferior.” –Yoshi Oida
É preciso tempo para poder avaliar as qualidades de um bom professor. Você dificilmente vai conseguir entender os métodos, técnicas e abordagens sendo apressado. Às vezes, uma boa instrução pode demorar para ser digerida e até mesmo fazer soar um alarme, deixar você desconfiado de maneira equivocada, podendo levá-lo a desistir cedo de algo valioso. Ao mesmo tempo, você pode apostar prematuramente as suas fichas e se dedicar a um ambiente nocivo por não ter avaliado calmamente o mestre. O tempo pode ajudar a dissolver esses enganos. Se formos com pressa nas nossas avaliações, podemos tanto perder tempo com um professor ruim, como podemos abandonar cedo demais um professor bom.

2. Entender e conhecer a linhagem

As artes marciais foram tradicionalmente passadas de forma oral, de mestre pra aluno, por incontáveis gerações. A linhagem é uma forma de verificar a qualidade daquele método pelo qual o professor ensina. De onde ele saiu, quem o ensinou, quem o autorizou, por sua vez, a ensinar? Conhecer a linhagem ajuda você a compreender qual o contexto daquele método, sua história e até mesmo conhecer outros professores vivos que também detenham aqueles conhecimentos. Isso não significa que todos os professores dentro de uma mesma linhagem ensinem rigorosamente do mesmo jeito, nem que ser rígido com as tradições seja em si uma característica positiva. Cada professor tem liberdade de ensinar por métodos com suas próprias particularidades. Porém, saber quem veio antes pode ser útil para compreender e até mesmo confiar. Professor Bruce Lee Linhagem

3. Observar os alunos e quem está ao seu redor

Se a linhagem é uma forma de saber de onde veio o professor, observar os alunos é um meio de saber a qualidade dos ensinamentos dele por meio dos frutos que gera. Em geral, quando observamos nos alunos uma competitividade nociva, arrogância, raiva, falta de empatia e bom senso, isso de certa forma costuma estar associado à uma postura de incentivo ou omissão do professor. Se olharmos atentamente os alunos mais velhos, veremos que ali está um espelho das qualidades do mestre.

Texto do Dai Si Hing Gil Eanes, publicado no site PapodeHomem.com.br Para ver o restante clique aqui.

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