Pra que servem “clubes da luta”?

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Tenho participado de grupos de sparring com alunos e amigos já há alguns anos. Recentemente comecei a conduzir sparrings com grupos envolvidos também com treinamento da mente e atenção, sendo uns mais e outros menos experientes. Em um desses experimentos, praticamos meditação durante sete horas e silêncio ao longo de todo um dia, e somente então, já de noite, nos engajamos em sparring, mantendo o silêncio durante todo o período. Ao final de 1h30, após todos terem participado, abrimos para conversa. Eu tenho notado desdobramentos bem distintos nesses grupos. Clube da Luta Nos grupos que se sentem interessados apenas no aspecto mais grosseiro das artes marciais, o foco se restringe ao desempenho na luta, na habilidade física e técnica. Aí há uma dificuldade bem grande para trabalhar com o aspecto mais sutil que as artes marciais podem nos ajudar a acessar, que envolve contemplar e trabalhar com o surgimento das emoções e nossas inclinações internas. Há quem nem saiba identificar e relatar as sensações surgidas em combate, talvez nem pensem que isso seja possível ou interessante. Nesses casos, as chances são grandes de que, com o tempo, a pessoa acabe treinando uma mente ainda mais responsiva, competitiva, e até raivosa e orgulhosa. Às vezes me parece que essa situação é a mais corriqueira no mundo das artes marciais hoje. Não é comum termos a visão de que nosso bem-estar depende de termos um bom equilíbrio emocional e mental. Se surge medo, raiva, orgulho… apenas olham para isso como:
“Preciso treinar mais e ficar melhor, me sinto envergonhado, sou um fraco, preciso ser mais agressivo, mais forte, ter mais raiva, ser menos covarde etc…”
Reagir assim é como tapar um buraco abrindo outro, penso. Resolvemos um problema, e outro vem. O ciclo se repete indefinidamente.

Texto do Si Hing Gil Eanes publicado no site Papodehomem.com.br

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